Olá
Demorei muito a voltar ao meu blog para partilhar qualquer informação ou experiência.
E, na verdade, tinham de acontecer vários lutos, e um deles que me tocou particularmente, para eu, em jeito de homenagem mas também de expiação, começar a escrever sobre a matéria.
Aprendi desde cedo a lidar com a morte fisica como lido com a vida: é preciso enfrentar, chorar, expiar, vencer.
Tive uma mãe implacável, que, por obrigação social, ia a todos os funerais de vizinhos, familia, amigos, e sendo eu uma criança bastante pequena, não me poupava. E quando alguém a interpelava chamando a atenção de estar num velório ou num funeral, uma criança, ela respondia de cima da sua sabedoria da escola da vida: "Ela tem de aprender. Tem de se preparar. A vida e a morte andam lado a lado. Uma faz parte da outra, assim ela perde o medo".
Não sei se isto é verdade. Mas sim, lido com a morte com relativa facilidade, nunca tive medo de ir a funerais, de ver mortos, de estar em cemitérios e de me conectar com o sofrimento do luto, meu ou dos outros.
E por isso, considero que o luto tem de ser vivido como vividas são outros emoções e outros momentos da vida.
Tudo tem de ser sentido, chorado, expiado demore o tempo que demorar.
Há muitas mortes na nossa vida e nem todas são o desencarne, ou seja a partida da alma do corpo.
Temos a morte dum casamento, a morte dum projecto, a morte dum negócio, a morte dum emprego, a morte de uma amizade.
Nós temos muitas mortes à nossa volta, da mesma forma que todos os dias temos células que morrem e outras nascem.
Este é o eterno ciclo da vida e da morte.
2025 foi particularmente marcante pela morte de figuras que, embora sendo publicas, para mim eram especialmente e profundamente queridas. Chocou, doeu, foi preciso interiorizar e continuar a caminhar, embora sempre com a sensação (e esta acho que no fundo é um das piores) fim de um ciclo.
Mas desta vez, a coisa foi mais perto e agora sim vou tocar num ponto às vezes melindroso e complicado de ser explicado sobretudo para quem não tem qualquer relação, e alguns nunca tiveram sequer, com um animal.
Esse amor incondicional que tanto se fala dos animais para connosco, e muito também de nós para com eles.
E sim, sei que para quem não foi educado nem nunca viveu lado a lado com um animal, tem muita dificuldade em compreender como se sofre tanto com a partida de um deles.
Da minha parte, tenho a lamentar duas coisas: a primeira é que ainda existam seres humanos capazes de viver sem animais. Muito me espanta. Nos dias que correrem ainda haver pessoas que argumentam tudo para não ter um animal de estimação.
A segunda, é que de tanta informação disponivel ainda haja quem considere que não se pode "amar" um animal. Apenas "gostar".
Para esses seres, recomendo que fiquem por aqui com a leitura deste artigo, e que continuem com as suas vidas preenchidas que devem ter nada vezes coisa nenhuma.
A relação humano-animal tem vindo a ser cada vez mais estreita, conectada e avaliada.
Assumimos que amamos sem problema algum e muito menos sem dar qualquer importância a juizos de valor.
E por isso, eu assumo que amo incondicionalmente os meus animais, todos eles que ao longo destes 59 anos de vida passaram pela minha e passarão enquanto eu respirar e tiver capacidade cognitiva e física para lhes dar um lar.
A minha Chi, que na verdade estava registada como Chia partiu. Deixou-me a mim e aos outros companheiros de casa dia 16/08/2025. Data que ficará para sempre gravada na minha memória.
O luto também tem de ser feito e profundamente. Sem medo nem vergonha, "apenas" porque se trata de um cão. No caso uma cadela.
A Chi tinha uma alma e uma aura que determinava o ritmo desta casa.
Era a que estava atenta, astuta, sempre de atalaia, era os ouvidos de o sinal de alarme de todos os ruídos dentro e fora de casa, quer a outra companheira a Daisy quer os gatos, percebiam todos que algo se passava quando esta maestrina de orquestra se colocava de pé e dava o toque de reboliço.
Nos meus vídeos ficaram gravados para sempre os seus latidos insistientes sempre que algo lhe despertava a atenção.
Nas leituras de Mapas astrais que faço, e porque é tudo gravado em vídeos, todos receberam ou latidos ou o ressonar altissimo da Chi. A quem eu chamava o meu pequeno trator.
De repente, e sem aviso prévio ela partiu. De estar feliz dia 14 contente e comilona como sempre foi um mau acordar dia 15 e um internamento de urgência e uma morte prematura sem se conseguir fazer muito, as 5h30 da manha de dia 16.
A surpresa da gravidade do quadro clínico deve ter sido dos choques mais atordoantes que recebi na vida, porque nada nem um sinal sequer levaria aquele quadro.
Mas nada acontece por acaso, e para eu fazer o meu luto, e não haver culpabilização da irresponsabilidade que me atribua de não ter reparado em nenhum sinal que me levasse a pensar numa ida ao veterinário mais cedo, pedi ajuda.
E para quem acreditar na comunição inter-racial pois garanto que foi a experiência mais avassaladora mas também mais gratificante que tive na minha vida mais recente.
Não vou partilhar aqui os detalhes dessa comunicação,mas posso informar que o trabalho da Dra Marta Guerreiro, veterinária e médium é digno de um Nobel.
E ainda, felizmente, não ficou com esse conhecimento só para ela, e portanto, tem discipulas, uma das quais se cruzou no meu caminho e me ajudou neste processo com a Chi.
Loucura?
Talvez! Mas de gênios e de loucos não temos todos um pouco?
Estou pacificada, a fazer o luto e a cicatrizar a dor, obviamente, isso só o mesmo TEMPO nos pode ajudar.
Mas as informações obtidas com este contacto e toda a informação dada foi duma riqueza que não tem preço.
Para todos os que estão a passar pelo deserto da dor da perda de um animal, ou porque esteja doente e há decisões que muitas vezes temos dificuldade em tomar, estes contactos e estas "conversas" são absolutamente fantásticas e aliviam-nos de sentimentos tóxicos.
Recomendo, e dou o contacto a quem o desejar.
A única coisa que partilho foi a última frase da Chi. " Vou descansar mas depois volto".
Espero que descanse mesmo, num céu/paraíso onde seja muito amada, acarinhada e bem tratada como foi durante 9 anos em minha casa.
Que tenha tudo o que sempre adorou, e que esteja na paz que merece, porque era e é um ser de luz. Sem dúvida.
Aliás acho que todos os animais o são.
E se, como deixou escrito Santo Agostinho, "A morte não é nada, eu somente passei para o outro lado do caminho"(...), espero que um dia os nossos caminhos se cruzem e eu a possa voltar a beijar e abraçar.
Até lá trato dos que ainda cá estão e enquanto houver vida e saúde, de muitos mais que adoptarei até ao último suspiro da minha vida.
Até sempre Chi serás amada para sempre. Porque nem a morte com todo o poder consegue cortar o amor.
Abraço-luz
E até à próxima inspiração para uma nova partilha
https://mulherholistica.wixsite.com/terapias