quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A necessidade de demonstrar que se sabe....

Ola

Por motivos não profissionais, mais historico-filosóficos, faço parte de um grupo/associação cujo objectivo essencial é o despertar intelectual e espiritual do ser humano.
Enfim, é pelo menos em teoria esse o objectivo, embora na prática está a anos-luz de conseguir ou até de se aproximar.

Hoje, foi lançado um repto ao grupo para pensarmos num tema que implicaria algum conhecimento e reflexão. Sem grande desgaste intelectual, diga-se.

Contudo, abertas as hostilidades, começam a desfilar verdadeiras mini-teses de doutoramento com uma linguagem e uma abordagem pouco claro, rebuscada, frases complexas que desmontadas não diziam nada. Citações miseráveis e até descontextualizadas que em nada ajudavam na discussão do assunto lançado préviamente.



Parei!
Parei para pensar o que era aquilo. Que desfile de egos eram aqueles que na sua cegueira de querer plateia (10-12 pessoas), precisavam provar que sabiam. Que eram eruditos, que usando citações de autores famosos e poemas conseguiriam aniquilar o outro reduzindo-o a uma ignorância que achavam que os outros teriam. E portanto, começaram, quais pavões de cauda aberta, numa troca de galhardetes e de verborreia que mais parecia uma diarreia.

Assisti a isto com olhos de espectadora.

Mas afinal, o que desejam estas pessoas? Quem são elas? Para onde vão? De onde vêm ?

E a pobre resposta a que cheguei foi: vêm do nada e para o nada se deslocam. (digo eu ou diz o meu ego?!)

Seres pobres. Sem alma. Sem luz. Num desespero que metia dó à procura dum brilhozinho por pouco que fosse. Como diria Andy Warhol- à procura dos seus 5 minutos de fama.



A sombra do ser humano esta na justa proporção da sua luz.
Quanto maior a luz maior a sombra. E o humano, vê a luz e entusiasma-se...esquecendo que a sombra também o acompanha 24h00 por dia durante toda a vida.

Fiz uma análise a frio e perguntei: "Mas eu preciso disto?" , "Em que é que isto me faz crescer?", "Serei eu também egoica por não me querer identificar com este desfile de egos e esta necessidade de mostras?".

Se calhar sim!
Ou muito provavelmente não!

Optei pela restrição.....parei!

Os kabbalistas ensinam e ensinaram-me a fazer restrição. Parar! Saber distanciar da provocação e analisa-la a frio.

E tal como partilhei numa das minhas ultimas aulas de Anjos -Inteligência Divina - Perguntei:

- O que faria Deus se estivesse no meu lugar?
(e na verdade Ele está, porque todos somos partículas de Deus)

E deixei-me ficar em silêncio, num silêncio ruidoso que me dizia:
"Eles precisam disso!
Não estamos todos no mesmo caminho!Cada qual tem a sua vida!
Tu que até partilhas cursos de auto-conhecimento e auto-desenvolvimento deverias saber que não estamos todos na mesma vibração! Cada um a seu tempo e no seu momento!
Ainda há, mesmo estudando tanta filosofia e tanta história, quem precise de mostrar que realmente sabe quando na verdade nada sabe, porque quem sabe na verdade não precisa de demonstrar nada! Simplesmente É. "


E retirei-me!

Saber sair do antro da escuridão não é de todo cobardia é um acto de auto-respeito. Porque não me identifico com aquela energia, não quero, já, lidar com ela e tentar, bem pelo contrário,nem sequer a quero por perto.
Já não me diz nada!

E como alguém dizia e bem, "Não há ninguém pobre que não seja de espírito".

Na verdade todos somos duais, a ratoeira do ego está sempre presente, eu já lançada para esgrimir os meus argumentos e começar a disparar para todos os lados.

Abençoados Anjos!
Abençoada Consciência!
Abençoado auto-conhecimento!

Porque me parou a tempo e me fez olhar com olhos, não de pena, porque ninguém é merecedor disso, mas de compaixão.

O caminho faz-se caminhando. E cada um a seu tempo e com o seu karma, marcha à velocidade e da forma que é capaz.

Saibamos sair e que a cegueira do ego nunca nos faça permanecer onde não somos felizes.


Falas de civilização...

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

                                          Alberto Caeiro


XI 💙

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