terça-feira, 19 de novembro de 2019

O Universo desafia-nos todos os dias a todas as horas...do caos à felicidade numa semana.

Ola

Hoje quero fazer uma partilha que me permitiu viver o caos e a alegria num espaço de horas.

Há uns dias largos, um animal apareceu junto a minha casa, uma cadela, para ser mais precisa.
Chovia torrencialmente. O frio fazia-se anunciar e a urgência de arranjar uma solução para aquela alma era absolutamente urgente.
Sendo fêmea havia também o risco de uma gravidez que não abona nada de bom dado o número monstruoso de animais que há para adoptar, e portanto, a solução tinha de ser encontrada rápidamente.
Adopção estava fora de questão, por falta de espaço para mais uma. Os vizinhos, uns por idade, outros porque também já têm cães, outros porque simplesmente não queriam, todos se descartaram e portanto o recurso seria as instituições existentes que estão sobre-lotadas e portanto também não podem e o centro veterinário municipal, aí sim, por covardia e outras coisas mais, descartou-se.




A pobre cadelita instalou-se num local ermo, inóspito, sem qualquer protecção, e só tinha realmente água e comida.

A solução tardava em chegar, e dada a minha experiência com animais, todos os que encontrei ate ao momento eram abandonados. E portanto, nem tentei saber se este tinha dono, dei como garantido que era abandonado!
Erro de palmatória!

Os dias iam passando, a chuva e o frio a aparecer, o horror diante dos olhos de todos, e dos meus em particular pois ela afeiçoou-se imediatamente a mim. (E vice-versa, mas não posso confessar!!!)
E, quando já estavamos a dar o assunto como muito mau, e com dificuldade em encontrar uma solução, peço finalmente a alguém se arranjava uma casota ou um abrigo onde ela pudesse estar instalada pelo menos até ESSA tal solução estar encontrada.

Mãos à obra. E numa manhã a casota ficou pronta.
A cadela nunca a chegou a estrear. O dono apareceu. Estava à procura dela há uma semana desesperado e finalmente encontrou-a.
Eu achei que me tinha saído o euromilhões de tanta alegria. Todos os vizinhos também. E esta história teve um final feliz.
Estou grata até ao átomo mais pequeno que tenha o meu corpo, a minha alma ou o que quer que seja.

Mas.........


Passei uma semana perante um filme de terror com o qual não conseguia lidar. Sentia-me culpada por tudo, pelo que aquele animal estava a sofrer, pela desgraça que estava instalada, pela falta de soluções, tudo era um quadro negro.

Pedi ajuda aos Anjos. E Eles disseram-me que não a retirasse do local. Que não a colocasse em abrigo e nenhum. Que aquilo não era assunto meu!
Achei que tinha enlouquecido de vez, que só podiam estar enganados, que não podia ser verdade....como era possível que a deixassem ali sozinha sob uma intempérie terrível, e eu não deveria fazer nada!!!! Como nada?!

O ego cega-nos mais do que uma venda.


Eu é que ia resolver a situação.
Eu é que tinha de encontrar um abrigo
Eu é que tinha de encontrar um adoptante
Eu é que tinha de lhe arranjar uma casa
Eu é que tinha de resolver
Eu é que estava a sofrer com aquilo

Eu, Eu, Eu

E os Anjos pacientes e na sua imensa sabedoria enviaram por várias pessoas o mesmo recado: "Fica quieta".



Porque Eles sabiam que os donos não a   iam encontrar  se a retirassem do local essa possibilidade diminuía ou até poderia ficar anulada, e ela iria desaparecer para sempre da casa dela.

Isto porque eu tinha decidido intervir. Tomar a dianteira. Assumir o controlo.

E só depois, quando chegou finalmente a Tal Solução que falavam, então entendi tudo e o porquê dos porquês.

Até lá duvidei que estivesse mesmo a agir assertivamente.

Um dia um grande Guru Indiano ia a passar na rua e viu uma senhora a fazer um peditório para animais abandonados e perguntou-lhe porque tinha abraçado aquela causa.
E ela respondeu: " Porque adoro animais e não consigo vê-los a sofrer".

Ao que ele comentou: " Então TU tens um grave problema para resolver. Porque és TU que não consegues lidar com o sofrimento."

Sim, na verdade nós não conseguimos e temos dificuldade em ver os outros a sofrer.
E sim, devemos fazer sempre algo para diminuir o sofrimento dos outros.
Mas devemos também saber e perceber que muitas das vezes esse sofrimento é uma lição de vida que o outro tem de aprender e que tem de a viver e que tem de aceitar.
Com os humanos é fácil entender isto, com os animais é complicado.
Mas na verdade todos nós, e eles, temos karma.

E nunca sabemos qual o percurso de cada um e a forma como o vai transmutar.

Eu tentei interferir numa lição de vida. Porque depois, e só depois, percebi que ela, a cadelinha era uma traquinas que fugia sempre que podia, e desta vez foi muito grave.
Se calhar o Universo estava a coloca-la à chuva e ao frio para ela aprender a lição e não voltar a fugir de casa. Se calhar não, não sei.

O que sei é que a minha arrogância ia acabar com este final feliz e ia-me arrastar por tempo indeterminado para uma responsabilidade um sofrimento que não sei como iria acabar.


Por acaso ouvi os Anjos, embora a contra-gosto, mas lá fui obedecendo, contrariadíssima, mas fui com pézinhos de lã obedecendo....
E Eles sabiam e sabem sempre o que fazer.

A felicidade em que estou e naquele momento em que tudo se resolveu foi e é tão grande que é difícil dizer por palavras.

A alegria tem de ser, tal como a gratidão não palavras mas estados de alma

Gratidão com uma alegria do tamanho do Universo.

Xi 💚


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