quarta-feira, 22 de maio de 2019

O que temos mais certo na vida é a morte....mas nunca aceitamos a partida...

Ola

Hoje apetece-me partilhar uma emoção "menos boa" muito recente.

Desde que me conheço como tendo consciência, sempre adorei Formula 1 e com uma paixão inigualável por um piloto. Niki Lauda.
Fiz com 18 anos uma viagem sozinha, de vários dias para o ver correr e ganhar um dos 3 campeonatos que ganhou.
Não tive ninguém para ir comigo, mas sem medo fui. Tinha que ir, era das poucas, senão a única forma de o ver ao vivo e com a fé inabalável que iria ganhar e ser campeão do mundo mais uma vez.
100 anos que viva nunca me esquecerei! Nunca se apagará da minha memória a emoção, a alegria, o êxtase que foram aqueles  dias e por fim a tão desejada vitória.


Acompanhei a vida toda dele, profissional e pessoal, na altura sem internet, sem google sem nada, só com acesso aos meios de comunicação social. Era o que havia.

Tive consciência e sempre percebi que depois do acidente que sofreu haveria sequelas graves que mais dia menos dia se fariam sentir.
Soube do transplante de rim e soube o ano passado do transplante pulmonar.
Ontem ao acordar sou confrontada com o desfecho destas sequelas todas. A partida dele!
O Niki Lauda que aplaudi tantos anos, que me fez ficar horas colada à TV a ver os grandes prémios, que me fez chorar e rir, que em fez gritar tantas vezes, esse mesmo, já cá não estava.


Driblou a morte várias vezes. A pior terá sido aquando do acidente em 1976 em que ficou queimado, gravemente queimado.
Driblou outra vez quando os rins lhe pregaram uma partida.
O ano passado voltou a superar quando os pulmões o tentaram trair.
Era um guerreiro! Um gentleman! Um homem daqueles ímpares que nunca mais se voltam a repetir.

Eu tinha consciência que a idade avança para todos. Ídolos ou não. O tempo não para. Mas a efemeridade desaparece quando se idolatra alguém. Parece que achamos infantilmente que esses intocáveis nunca morrem.

Mas partem sim. Deixam-nos mais pobres. E deixam-nos sobretudo com a noção real da partida e da saudade.
Evidentemente que ele já não competia há muitos anos, raramente se mostrava, só num evento ou outro apesar de estar ligado na mesma ao automobilismo, grande paixão da vida dele. Cumpriu a tarefa dele e descansou.


O mundo perdeu um grande homem, um grande, diria único piloto de Formula 1. Um ser de princípios dentro e fora das pistas.
O céu ficou mais rico!

Espero que se encontre com outros que partiram antes dele: Ronnie Peterson, Ayrton Senna, James Hunt, Gilles Villeneuve competiu com todos. E a todos viu morrer.
Espero que estejam juntos. Que se abracem. Sem competição. Só luz.

A menina que te viu correr desde os 10 anos é agora uma mulher madura. Mas nunca te esqueceu, nem esquecerá. Nem aos outros que partiram antes de ti.

Choro hoje a tua partida como chorei em 1978 a morte em directo do Ronnie Peterson, em 1994 a do Gilles Villeneuve num treino maldito, a do  Ayrton - que me fez abandonar completamente a Formula 1 - nunca mais vi um Grande Prémio. E a morte do James Hunt, mas esse  como tu disseste uma vez: "Nem sei como conseguiu viver tanto com a vida que levada". Porque era um maroto e só fazia asneiras. Partiu cedo demais.

Até sempre Niki Lauda
Saudades muitas
A luz não apagou. A bandeira de xadrez não caiu. Só está noutro local.



💙🙏



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